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Saúde masculina: médico leva experiência ao Catar




O urologista brasileiro descendente de sírios e libaneses, Jorge Hallak, fará palestras sobre infertilidade do homem em encontro científico de organização de saúde do Oriente Médio, da qual passou a fazer parte. A abordagem global que utiliza ao longo da carreira para tratar pacientes masculinos será foco.


São Paulo – O urologista brasileiro Jorge Hallak, conhecido por suas pesquisas e trabalho com abordagem global da saúde masculina, passou a integrar a Middle East Fertility Society (Mefs), organização dedicada ao cuidado com a fertilidade nos países árabes e Oriente Médio, e fará palestras no congresso científico anual da Mefs como parte de uma iniciativa de aproximação com a região.


Hallak é o único brasileiro entre os palestrantes do 31º Annual Scientific Meeting MEFS 2024, que ocorre entre 21 e 23 de novembro no Sheraton Grand Doha Resort & Convention Hotel, em Doha.


Ele fará três palestras: “Infertilidade grave: novas ferramentas de diagnóstico”, “Hábitos, fatores de estilo de vida, questões ambientais e infertilidade masculina. Novos desafios e novos riscos, medidas de mitigação ou controle de danos” e “A justificativa por trás de novos diagnósticos, manejo clínico e cirúrgico para infertilidade masculina: otimizando os resultados para a concepção natural e assistida”.


Já com experiências em realização de cirurgias, palestras e avaliação de professores na região, Hallak pretende ampliar o seu intercâmbio com os países árabes. Um dos objetivos é estabelecer vínculo acadêmico médico científico, promovendo pesquisas, trocas de conhecimento, apresentações e cursos sobre saúde do homem. Outra vontade é levar ao mundo árabe um projeto de educação para adolescentes e homens jovens, também sobre saúde masculina, mas voltado à prevenção.


Hallak tem vasta vivência no exterior, com cirurgias feitas em 23 nações e aulas dadas ao redor do mundo, mas os vínculos pessoais e imigratórios com o mundo árabe o fazem querer uma conexão profissional maior com essa região. “Eu vou para lá e me sinto conectado com os países árabes, eu e minha esposa, a gente vai para lá e se sente em casa”, afirma o médico, que tem ascendência sírio-libanesa.


Hallak pretende dividir as pesquisas e a abordagem que adotou no tratamento da saúde dos homens na carreira. Formado em Medicina pela Universidade de São Paulo (USP) e atualmente livre-docente na mesma instituição, assim que terminou a residência em Urologia e já cirurgião, ele resolveu fazer doutorado em biologia reprodutiva, voltada aos aspectos bioquímicos, biofísicos e fisiológicos de espermatozoides humanos, incluindo criobiologia, além de treinamento clínico em andrologia, infertilidade masculina e microcirurgia, e assim poder abordar e cuidar com maior profundidade e abrangência da saúde do homem.


“Me dedico muito a estudar a parte translacional da medicina, a gente estuda da ciência básica até a medicina tradicional”, afirma Hallak. Em paciente com câncer de próstata, por exemplo, o trabalho vai além de operar a próstata, segundo o médico relata. “Tento entender os mecanismos que levaram aquele paciente a ter um câncer de próstata, mecanismos que o levaram a ter infertilidade, mecanismos que levaram um paciente a ter aquela doença urológica, andrológica”, explica.


Segundo ele, se trata de uma ponte entre a ciência básica e a urologia e andrologia para estudar a saúde do homem num contexto global, em um trabalho moderno, que vai além da medicina tradicional. Os espermatozoides, por exemplo, são usados como marcadores de saúde, assim como a disfunção erétil. O foco inclui, entre outras vertentes, estudar os hábitos e estilo de vida de cada paciente, desde a poluição atmosférica do seu ambiente, a obesidade e o sedentarismo até o uso que faz de cigarro eletrônico, fumo, drogas e álcool.  “A gente estuda as variantes inerentes a cada indivíduo, isso faz toda diferença”, diz.


Jorge Hallak

Hallak é coordenador do Grupo de Estudos da Saúde do Homem do Instituto de Estudos Avançados da USP (IEA-USP), membro do Centro de Inovação da USP (Inova-USP) e um dos fundadores do Instituto Androscience (IA) que tem como foco o desenvolvimento de ciência, educação e projetos avançados em saúde masculina. O IA tem a chancela do IEA-USP e do Inova-USP. O médico pretende promover o intercâmbio com os países árabes por meio dos institutos que integra, assim como da Mefs.


O Instituto Androscience já fez projeto piloto em colégio da cidade de São Paulo levando conhecimento sobre saúde masculina para adolescentes, pais e professores. A ação inclui esclarecer o impacto do uso de vape e drogas ilícitas na saúde, por exemplo. Ele será expandido para 20 escolas em 2025, com uso de ferramentas como ebooks, peças de teatro, games e outros. O projeto foi aprovado na Lei Rouanet para captar R$ 2,6 milhões. “Queremos começar uma fazer a mudança cultural por meio dos adolescentes e jovens adultos”, diz.


Hallak pretende levar esse projeto de educação também aos países árabes e afirma que a infertilidade masculina está crescendo no mundo todo, influenciada principalmente por novos hábitos e estilo de vida, como uso de cigarro, tratamentos psiquiátricos, sedentarismo, obesidade, alimentação errada, vida mais longa, entre outros fatores.  “O adolescente não tem noção dos malefícios que ele vai sentir mais tarde se ele não fizer prevenção”, afirma.


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